Devido às fortes chuvas no Rio Grande do Sul, que provocaram enchentes e uma tragédia sem precedentes no estado, diversos setores em todo o país foram impactados. Um deles é o dos cereais.
O estado é o grande responsável pela produção de arroz, soja e trigo, sendo 70% da produção de arroz do país, produto que tem o maior peso no subitem do grupo “alimentação no domicílio” do IPCA.
Histórico de preços dos cereais em 2024
Depois de duas safras com excedentes exportáveis no Rio Grande do Sul, a produção de 2023 – que terá influência sobre o mercado doméstico até meados de agosto de 2024 – sofreu grandes perdas devido a adversidades climáticas.
No ciclo 2022/23, de agosto a julho, os gaúchos tinham grãos que superavam a demanda de suas indústrias em cerca de 4 milhões de toneladas.
Com isso, além de escoar grandes volumes ao exterior e ao nordeste brasileiro, foram a principal alternativa do grande centro moageiro nacional, o Paraná, para compensar as perdas da produção local.
O processo de desinflação do preço dos alimentos, que começou em meados de 2022 e se intensificou em 2023, está mudando em 2024, passou a cair menos e haverá algumas altas. A projeção da LCA para Alimentação no domicílio é de -1,32% este ano. Para 2024, uma alta de 3,86%.
Esse número representa uma alta apenas moderada para Alimentação no domicílio, visto que a média anual na década passada, por exemplo, foi de +7,81%.
De acordo com o IBGE, o excesso de chuvas na região Sul e o tempo seco no Norte está atrasando o plantio da nova safra em alguns estados.
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Produção de cereais no RS
O Rio Grande do Sul é um estado brasileiro com uma diversidade impressionante de culturas agrícolas, impulsionadas por suas características geográficas variadas e pela expertise de seus habitantes.
Região da Serra Gaúcha
Esta região montanhosa é famosa por sua produção de uvas e vinhos. Os vinhedos se estendem por colinas e vales, onde o clima e o solo propiciam o cultivo de variedades de uvas para a produção de vinhos finos e espumantes de alta qualidade.
Além das uvas, outras culturas importantes incluem maçãs, pêssegos e hortaliças.
Região Metropolitana de Porto Alegre
Na área próxima à capital Porto Alegre, a agricultura é diversificada, com destaque para a produção de hortaliças, frutas, leite e produtos avícolas.
A proximidade com os centros urbanos facilita a comercialização desses produtos em mercados locais e redes de distribuição.
Região da Fronteira Oeste
Esta região é conhecida por sua vasta extensão de terras planas, ideais para a produção de soja, milho, arroz e trigo.
A agricultura comercial é predominante, com grandes propriedades dedicadas ao cultivo de grãos. Além disso, a pecuária de corte e a produção de gado leiteiro também são importantes nesta região.
Região da Campanha Gaúcha
As vastas planícies dos pampas gaúchos são ideais para a criação de gado bovino. Nesta região, a pecuária de corte é predominante, com fazendas dedicadas à criação de gado para a produção de carne.
Além disso, a produção de arroz também é significativa, especialmente nas áreas próximas aos rios que cortam a região.
Região Central
A região central do Rio Grande do Sul é caracterizada por uma agricultura diversificada, com cultivo de soja, milho, trigo, arroz, feijão e hortaliças. Além disso, a produção de leite e derivados é uma importante fonte de renda para muitas propriedades rurais nesta área.
Essas são apenas algumas das culturas agrícolas que são produzidas no Rio Grande do Sul, refletindo a diversidade geográfica e as condições climáticas favoráveis encontradas em diferentes partes do estado.
O que esperar dos próximos períodos
Diante do agravamento da tragédia no Sul, economistas começam a revisar para cima as projeções de alta de preços de alimentos para 2024, a estimativa para a variação na alimentação no domicílio em 2024, sobe de 3,9% para 4,5%.
Será preciso esperar a água baixar para saber quão rapidamente a infraestrutura do estado poderá ser recomposta, saindo da situação de colapso para um nível de estabilização mínima, que permita trazer alguma normalidade à logística de distribuição de bens, produtos e serviços.
Entre as commodities, o Rio Grande do Sul também se destaca na produção de soja e milho, produtos que têm influência mais indireta na inflação do varejo, como componentes de ração animal. Nesse caso, a avaliação inicial é que a demanda pode ser suprida pela produção de outras regiões do país.
O estado também é grande produtor de soja e milho. Segundo a Datagro, os produtores gaúchos devem perder de 3% a 6% da safra de soja e embolsar um prejuízo entre 125 milhões e 155 milhões de reais.
Já o milho deve ter perdas de 2% a 4%, com prejuízo de 7 milhões a 12 milhões de reais aos produtores. As variações de preços da soja e do milho podem influenciar diretamente os preços de proteínas, já que os grãos servem de ração para o gado, aves e suínos.
O maior impacto vem através do arroz – cultura que o Rio Grande do Sul concentra 70% da produção brasileira.
O impacto mais direto é no arroz, cujo preço deve subir 4% em 2024.Isso significa que o subgrupo cereais, leguminosas e oleaginosas terá alta de 1% este ano, comparada a deflação esperada de 1,6%.
As fortes chuvas na região com certeza trarão alterações nos preços dos cereais e haverá impacto na economia e no bolso do consumidor. Não há previsão de falta dos produtos no mercado, já que o governo está trabalhando nas importações para suprir as necessidades do mercado.
Somente quando as águas baixarem será possível prever com maior exatidão o tamanho do prejuízo e em quanto tempo a rotina de produção poderá voltar ao normal.
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